O valor das exportações de bens da América Latina e Caribe caiu 2,2% em 2023, após um aumento de 17,0% em 2022, de acordo com a última edição do relatório Estimativas de Tendências Comerciais da América Latina e Caribe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).  

A retração das exportações da região deveu-se à queda dos preços de exportação e à desaceleração nos volumes exportados, explica o relatório, que compila os dados acumulados do ano anterior.

Embora a taxa de retração das vendas ao exterior tenha caído no último trimestre de 2023, as perspectivas para o futuro indicam que a tendência de queda deverá permanecer. O principal indicador de exportações da região ainda não permite vislumbrar uma mudança de tendência no primeiro semestre de 2024.

Segundo Paolo Giordano, economista principal do Setor de Integração e Comércio do BID, "após dois anos de expansão, no marco da recuperação do choque causado pela pandemia, as exportações da América Latina e Caribe entraram em uma fase de contração em 2023". 

“O balanço de riscos aponta para uma diminuição da tendencia de contração comercial nos próximos meses, ainda que exista um alto grau de incerteza sobre a temporalidade e a intensidade de uma eventual recuperação”, explicou o coordenador do estudo.

A deterioração do desempenho das exportações foi generalizada na maior parte da região. América do Sul e Caribe foram as sub-regiões mais afetadas, devido à queda nos preços das commodities. Em contrapartida, na Mesoamérica, que inclui países da América Central e o México, as exportações registraram variação positiva, impulsionadas pelo México e suas vendas para os Estados Unidos. Os fluxos da América Central, por sua vez, permaneceram estagnados.

Preços de exportações

De acordo com o relatório, em 2023, os preços das principais commodities exportadas pela América Latina e Caribe registraram, em média, níveis inferiores aos do ano anterior. No entanto, na maioria dos casos, os preços se estabilizaram ao longo de 2023, mas ainda permanecem em níveis historicamente altos. As taxas de variação interanuais foram negativas para os preços do petróleo (-16,7%), da soja (-8,6%), do cobre (-3,6%) e do minério de ferro (-0,9%). O preço do açúcar diferiu do restante das commodities, com uma alta interanual de 27,7%.

O relatório antecipa, ainda, que “as projeções para os preços das matérias-primas apontam para um padrão de alta volatilidade, com tendência descendente no contexto de uma demanda enfraquecida”, embora o cenário central possa ser alterado por choques econômicos, políticos ou climáticos.

Desempenho por sub-região

Estima-se que na América do Sul as exportações tenham caído 5,3% em 2023, após um crescimento de 16,4% em 2022. A queda dos preços das commodities foi responsável pela maior parte do desempenho nessa sub-região, enquanto os volumes exportados aumentaram 1,7%. 

Por outro lado, as exportações da Mesoamérica registraram um aumento estimado de 2,6% em 2023, após um crescimento médio de 16,1% em 2022. O México registrou uma alta de 2,9% nas vendas externas em 2023. Em contrapartida, as exportações da América Central estagnaram (0,0%). 

Por fim, as exportações dos países do Caribe caíram a uma taxa estimada de 31,9% em 2023, após um aumento de 72,1% em 2022 impulsionado pelo sector energético (petróleo e gás).

As importações totais da região, por sua vez, registraram uma queda estimada de 5,9% em 2023, após uma expansão de 20,9% em 2022. 

O relatório apresenta dados detalhados do desempenho das exportações de 24 países da América Latina e Caribe.

Variação do valor das exportações

(Taxa de variação anual, percentual, 2022 e 2023)