Encontro organizado pela SEGIB deve enfatizar a necessidade de maior apoio às políticas públicas em busca da igualdade racial
No marco do Ano Internacional dos Afrodescendentes declarado pelas Nações Unidas, a Secretaria Geral Iberoamericana (SEGIB), com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), realiza até o dia 19 o seminário “Afro XXI: Encontro Iberoamericano do Ano Internacional dos Afrodescendentes”, na cidade de Salvador (BA).
Um das propostas do seminário é dar visibilidade às contribuições sociais, culturais e econômicas que as comunidades afrodescendentes proporcionam à América Latina, com destaque para políticas públicas inclusivas e as boas práticas, assim como debater estratégias de inclusão social dos povos afrodescendentes nos diversos contextos nacionais e suas contribuições para o desenvolvimento.
Os organizadores esperam produzir ao final uma declaração que aponte uma agenda comum para os próximos anos e que auxilie na inclusão plena destes milhões de cidadãos e cidadãs.
O BID tem trabalhado para melhorar os instrumentos de formulação e análise de políticas públicas voltadas para raça e etnia, a partir do levantamento de dados estatísticos sobre o desenvolvimento econômico, social e político dos afrodescendentes. Algumas destas experiências serão apresentadas no decorrer do encontro através de painéis sobre censos e estatísticas, e a participação das mulheres afrodescendentes.
Uma das experiências realizadas recentemente reuniu, na Costa Rica, mulheres afrodescendentes que são lideranças políticas para tratar tanto de suas conquistas como dos desafios futuros desta representação política. Participaram organizações da sociedade civil e funcionários do Programa de Apoio à Liderança e Representação (PROLEAD), uma iniciativa da Unidade de Gênero e Diversidade do Banco.
De acordo com a Assessora Sênior da Unidade de Gênero e Diversidade, Judith Morrison, este tipo de iniciativa se insere no âmbito da realização de produtos de conhecimento do Banco, que “permite a coleta de dados sobre a população de ascendência africana nos censos nacionais e pesquisas domiciliares em vários países, buscando entender o grau de exclusão social e servir como uma ferramenta para a concepção de novas operações para o desenvolvimento da Região.”
O Banco tem apoiado os esforços para promover o desenvolvimento das comunidades afrodescendentes e um melhor conhecimento regional das mesmas. Visando ampliar o alcance deste tipo de ação, lançou um programa de bolsas, para apoiar líderes afrodescendentes na região e indivíduos comprometidos com o desenvolvimento das comunidades de descendência africana na América Latina.
“As pessoas com descendência africana na América Latina representam aproximadamente um terço da população e tem realizado contribuições importantes para a cultura e história destas nações. Apesar de terem sido esquecidas muitas vezes no passado, o papel e a importância destas comunidades tem crescido em parte porque o desenvolvimento destas pessoas é um componente chave para reduzir as brechas econômicas e sociais em muitos países da região”, completou Judith.
Ano Internacional dos Afrodescendentes
O objetivo principal do Ano Internacional dos Afrodescendentes, como expresso pela resolução da Assembleia Geral da ONU, é reforçar as medidas nacionais e a cooperação regional e internacional para o benefício dos afrodescendentes em relação ao pleno gozo dos seus direitos econômicos, culturais, sociais, civis e políticos, sua participação e integração em todas as políticas, econômicas, sociais e culturais da sociedade e a promoção de um maior conhecimento a respeito da diversidade e de seu patrimônio e cultura.
Fazem parte desta iniciativa o governo brasileiro – por meio do Ministério das Relações Exteriores, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), e do Ministério da Cultura; o Governo de Bahia; o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID).