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Número de professores cresce no Brasil, mas qualidade precisa avançar, segundo BID
  • A análise realizada em parceria com a Elige Educar indica que um quinto (20%) dos alunos do ensino superior estudam pedagogia no Brasil, em contraste com apenas 8% nos países da OCDE. 

  • O desafio atual é avançar na regulamentação e certificação dos programas de treinamento de professores para melhorar as habilidades dos futuros professores e garantir o acesso de todos os estudantes a professores de qualidade.  

  • As instituições públicas respondem pelo maior número de matrículas em programas de formação de professores (37%), enquanto outros programas respondem por 24%.   

O Brasil está entre os países latino-americanos com maior participação em programas de Formação Inicial Docente (FID) no ensino superior, de acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento em parceria com a Elige Educar. Cerca de 1 em cada 5 matrículas no ensino superior estão em cursos como: pedagogia, graduação, formação de professores, entre outros, em comparação com 8% na OCDE e menos de 1% nos Estados Unidos. Entretanto, para atender à demanda por professores qualificados no setor, ainda é preciso fazer progressos na atração de melhores candidatos à formação inicial de professores, elevando os padrões e a regulamentação dos programas de formação inicial de professores e assegurando uma distribuição equitativa de professores qualificados nas escolas. 

O estudo Quem estuda pedagogia na América Latina e no Caribe?: Tendências e desafios no perfil do futuro docente, divulgado em português, analisa a matrícula em programas de formação inicial docente entre 2015 e 2020 para 16 países da região. O objetivo da pesquisa realizada pelo BID com o apoio da Elige Educar foi determinar a magnitude e composição das matrículas nestes programas, a fim de identificar as características dos futuros professores.   

O representante do BID no Brasil, Morgan Doyle, salienta que a pesquisa contribui para o desenho de políticas públicas mais eficientes ao fornecer informações essenciais sobre o perfil dos futuros professores.  "Este estudo nos permite quantificar o desafio, fortalecer as políticas para atrair melhores alunos para o treinamento de professores e ajudar a melhorar os programas de treinamento inicial". Precisamos ir além das políticas para atrair mais jovens para a profissão docente, e somos parceiros do Brasil na busca de formas de garantir a qualidade dos futuros professores", afirmou.  

Ao traçar o perfil dos alunos que desejam se tornar professores, o estudo revela que, no Brasil, 72% das matrículas em programas de formação de professores são feitas por mulheres e 37% em instituições públicas, em comparação com 24% em outros programas de graduação. A modalidade de ensino à distância também mostra uma expressiva tendência de aumento, que começou antes mesmo da pandemia da COVID-19 e se manteve em níveis elevados, superando o número de matrículas em cursos presenciais. Esta proliferação de programas de formação inicial de professores em formato virtual, com requisitos mais baixos, poderia contrariar o objetivo de melhorar a qualidade dos futuros professores. Além disso, apenas 0,2% dos inscritos em programas de formação de professores são especializados em programas interculturais bilíngues de educação multicultural no país.    

Neste contexto, o estudo aponta os desafios para alcançar uma educação de professores de qualidade. Estes incluem a baixa seletividade dos candidatos e a alta incidência de instituições não-universitárias que oferecem programas de formação de professores. Há também uma falta de regulamentação e de estruturas curriculares comuns estabelecidas a nível federal.    

Estima-se que a região precisará de 70% a mais de professores em 2040 do que em 2017. De acordo com Gregory Elacqua, economista-chefe da Divisão de Educação do BID, a América Latina e o Caribe enfrentam desafios significativos para a formação de professores. "Nossa região enfrenta uma crescente escassez de professores qualificados e a distribuição de professores de qualidade nas escolas é altamente desigual, aumentando as disparidades sociais. Milhões de estudantes não têm acesso a um professor de qualidade em disciplinas que requerem maior especialização, como ciências ou matemática, e isto afeta seu aprendizado e suas perspectivas de vida", enfatizou.    

Sobre o BID 

O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Criado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e o Caribe. O BID também realiza projetos de pesquisas de vanguarda e oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região. Acesse nosso tour virtual